Muito tem se falado de mindfulness. Você sabe o que é e quais os seus benefícios?

A mindfulness não é só um tipo de meditação, ela é usada há um tempo nos processos terapêuticos e traz ótimos resultados para o paciente. Vamos entender um pouco essa prática nesse post e saber o que ela pode fazer por você?

 

O que é mindfulness?

Apesar de tanta divulgação atual na mídia sobre a prática, ela já vem sido usada na medicina comportamental desde os anos 80, e usada há milênios no mundo oriental.

Mindfulness é um estado de atenção plena. Busca-se o foco ao presente (deixando assim um pouco de lado o passado e o futuro).

É preciso um treino constante, pois a tendência do ser humano é justamente o oposto: relembrar fatos dolorosos do passado, tendendo a um estado mais depressivo, ou focar demasiadamente no futuro, elevando a ansiedade.

Porém, o mindfulness não significa tentar concentrar sua mente nos pensamentos positivos, pois ele acredita que sensações ruins e pensamentos negativos às vezes acontecerão e fazem parte da essência humana.

Seu propósito é aceitar os fatos atuais- sendo bons ou ruins- com uma atitude receptiva de não julgamento. Pois ao se tentar controlar cada pensamento ruim e transformá-lo em bom, poderá causar mais ansiedade ainda.

Bishop (2004) define o mindfulness em dois componentes: autorregulação da atenção para a experiência imediata e postura de curiosidade, abertura e aceitação.

Num exercício de meditação e respiração, por exemplo, deve-se atentar à sua respiração. Assim, perceba os movimentos que seu corpo faz com a entrada e saída do ar. Os pensamentos virão (o que é normal), não tente mudá-los, deixe que eles venham e saiam.  E tente focar apenas na sua respiração. Entendeu?

Essa prática pode ajudar a lidar com inúmeros processos que afetam nossa saúde mental, como as emoções negativas, a ansiedade, a depressão, o transtorno obsessivo compulsivo. Ela ainda melhora a concentração, o autocontrole e a produtividade. Bem interessante, não acha?

Algumas linhas da psicologia trabalham com conceitos parecidos com o do mindfulness. A ACT (Terapia de Aceitação e Compromisso), por exemplo, difundida por Hayes (1987), possui como foco a redução da esquiva experiencial­­  ̶ processo em que a pessoa tenta fugir de certos pensamentos e sentimentos– e que é tida como uma das maiores fontes de sofrimento humano. No lugar da luta e da fuga, deve-se existir um comportamento mais funcional.

A ACT promove uma atitude de aceitar pensamentos e emoções como realmente são, e não como parecem ser. Uma vez livre da luta contra as próprias avaliações, pensamentos e sentimentos, as pessoas podem agir de modo produtivo sobre seu ambiente”. (Vandenbergue e Sousa).

Já a terapia cognitivo-comportamental trabalha com os pensamentos, crenças e distorções. Estes são eventos internos, que não necessariamente correspondem a uma realidade. A prática de mindfulness seria um acréscimo nas formas de se abordar tais eventos.

A mindfulness, assim, pode ser aplicada em diversas abordagens da psicologia, com sucesso em seus resultados. Seu objetivo é aumentar a auto-observação, permitindo que o paciente tenha contato maior com os campos da sua consciência.

Uma ferramenta de mindfulness utilizada em clínica se chama “10 pensamentos mais inúteis da minha mente”, que trabalha com pensamentos ruminativos, que é um tipo de padrão de pensamentos persistentes e que ocorrem muito em transtorno de ansiedade e de depressão.

Seus benefícios já têm sido demonstrados em muitos estudos. Uma pesquisa feita pela universidade Jena e UCLA, por exemplo, demonstrou mudanças na estrutura cerebral com a prática de mindfulness, mais precisamente nas áreas da região frontal e do hipocampo, que estão associadas à regulação emocional e ao controle da resposta. Isso aumenta a capacidade que a pessoa tem de se manter equilibrado em uma situação desagradável.

 

 

Como praticar mindfulness no dia a dia

 

Ao caminhar

Observe as sensações do momento. O movimento do seu corpo, seus pés tocando o chão, saindo do chão. Se seus pensamentos lhe levarem para longe, traga-se de volta ao momento presente.

Meditação em casa

Tire alguns minutos  ̶ 5 ou 10 ̶  e escolha um ambiente confortável. Sente numa posição relaxada e pratique o exercício de respiração, de forma lenta e profunda, prestando atenção na entrada de ar pelos pulmões e na exalação. Tente não prestar atenção nos barulhos existentes nem nos seus pensamentos. Deixe e aceite que barulhos e pensamentos aconteçam de forma natural. Só os deixe vir e ir. E volte sua concentração na respiração.

 

Melhore a qualidade de vida

A correria da rotina, nossas preocupações, problemas no trabalho, problemas na família, lamentações do passado, muitas vezes nos impedem de ter uma satisfação no presente. Você já percebeu?

Parece que estamos já condicionados a não viver o momento atual e isso pode não ser saudável para a nossa saúde mental.

Ao estarmos mais focados no passado, tendemos a sentir alguma tristeza por algo que aconteceu, ou um arrependimento e lamentação por algo que deveria ter sido de forma diferente. Isso interfere na vivência atual.

Ao focarmos no futuro, tendemos a sentir alguma ansiedade por algo que almejamos. Fato que também nos tira do momento presente.

Atentar-se ao passado ou futuro parece se repetir sem que tenhamos controle. Como se fosse um comportamento automático. E ainda, grande parte das vezes, nem nos damos conta de como essa mania prejudica nossa felicidade.

Assim, o mindfulness é capaz de colocar um freio no nosso mundo “tenho que fazer”, mudando nosso padrão para o modo “ser”.

Daniel Goleman, em seu livro “Foco: a atenção e seu papel fundamental para o sucesso”, diz que a atenção é fundamental para o sucesso, e ela funciona como um músculo, que só se fortalece se a usarmos e a desenvolvermos. Então, no começo, poderá ser mais difícil praticar o mindfulness, mas com o tempo nosso poder de concentração fica mais aguçado.

Com a prática do mindfulness, podemos mudar essa falha de comportamento e nos atentarmos ao que realmente acontece no aqui e agora. Atentamo-nos a detalhes essenciais que em outras ocasiões poderiam passar despercebidos. Com isso, promovemos uma melhor qualidade de vida a nós mesmos.

Além disso, ajudar a entender como a nossa mente funciona nos proporciona mais autoconhecimento, autocontrole, melhora da qualidade do sono, aumento da concentração e desenvolve a inteligência emocional.

Então, que você consiga trazer seu foco para o momento presente e tente respirar mais fundo da próxima vez que alguma coisa lhe aborrecer.

 

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