Como anda o seu autoconhecimento?
A maioria das pessoas concorda que mudar algo em nós, como algum comportamento, é bem difícil. Por mais que saibamos (pelo nosso lado racional) que a mudança é necessária, que evitaremos algo pior lá na frente, ainda assim é difícil.
Estamos habituados já. É como se tivéssemos entrado no modo piloto automático.
Mas por que agimos desse jeito? Por que adquirimos certas maneiras ao longo da vida? Por que pensamos uma coisa e, no fim, fazemos outra?
A resposta para tais questionamentos tem a ver com a primeira pergunta que te fiz: como anda o seu autoconhecimento?
Autoconhecer-se é observar-se. É saber prever qual seria sua reação diante de um comportamento. Ou então dizer o que controla o seu comportamento. É saber por que você sente o que você sente.
Já te fizeram alguma pergunta a respeito de você mesmo que você teve que pensar alguns segundos antes de responder? E ainda assim, no fundo, você não teve tanta certeza da resposta que você deu?
Bom… talvez você esteja precisando aprimorar seu autoconhecimento.
Na visão de Skinner, o conhecimento de si próprio tem origem social: está relacionado ao autorrelato. Aprendemos a observar nossos sentimentos e comportamentos por meio da cultura em que estamos inseridos.
Essa cultura se refere a dois aspectos: num sentido amplo, como o país; e também num sentido restrito, como o familiar. O tanto de autoconhecimento que você tem e o tipo de autoconhecimento dependerá do contexto em que você cresceu.
Vou te dar um exemplo. Imagine uma criança que se desenvolveu em um ambiente no qual sua família não conversava muito, não lhe perguntava sobre o dia, sobre a escola, sobre seus sentimentos.
Agora imagine outra que cresceu em um ambiente no qual havia uma grande interação. Os irmãos relatavam na hora do jantar como havia sido seus dias, se estavam contentes ou tristes. Seus pais perguntavam a essa criança sobre seus amigos da escola, sobre como se sentia com relação aos professores, sobre suas facilidades e dificuldades.
Qual dessas crianças você imagina que tenderá a ter um autoconhecimento mais aprimorado? Provavelmente a segunda, né?
Vamos agora falar sobre as vantagens que uma pessoa tem ao adquirir um bom autoconhecimento.
Autoconhecimento e liberdade
“O autoconhecimento tem um valor especial para o próprio indivíduo. Uma pessoa que se tornou consciente de si mesma, por perguntas que lhe foram feitas, está em posição de melhor prever e controlar o seu comportamento” (Skinner).
Tornar-se autoconsciente de seus comportamentos, sentimentos e dos fatores que os determinam, colabora para um bom autocontrole e para a mudança de comportamento.
Ter autoconhecimento te permite um melhor planejamento de vida e um relacionamento interpessoal mais positivo. Saber prever seus sentimentos e comportamentos te permite se precaver nas situações.
Se você sabe que tem o costume de ficar nervoso em uma apresentação oral no trabalho, você pode se preparar para isso antes, treinando sua performance e imaginando as possíveis perguntas que lhe serão feitas.
Na terapia clínica, uma das formas de nós psicólogos ajudarmos o paciente no processo de se autoconhecer é por meio de perguntas que levem a uma reflexão. Essa reflexão induz a pessoa a voltar-se para dentro de si, muitas vezes pensando em algo que nunca havia cogitado.
Por meio das análises das histórias, dos pensamentos e sentimentos, com a ajuda do terapeuta, o paciente vai adquirindo maior autoconhecimento.
Esse processo, de ir aumentando seu autoconhecimento, vai se tornando tão natural com o tempo, que mesmo depois da alta terapêutica, a pessoa é capaz de fazer a análise sozinha.
O autoconhecimento enriquece nossos atributos, permitindo-nos adquirir mais maturidade. Desperta-nos para aquilo que nos incomoda, sendo o primeiro passo para a mudança.
Entender o porquê da nossa reação diante do comportamento alheio ajuda-nos a evitar tal reação, substituindo-a por outra mais adequada.
Adquirir uma visão mais detalhada de nós mesmos nos auxilia a enxergar melhor o outro também. Percebemos que tipo de reação a pessoa tem diante de algum comportamento nosso. Com isso, se julgarmos que a reação não nos agrada, podemos mudar o nosso comportamento em uma próxima vez.
O autoconhecimento é também primordial para o alcance de metas e sonhos: permite a você elaborar estratégias mais alinhadas com a sua realidade.
Assim, com um bom autoconhecimento, você saberá melhor suas qualidades, suas capacidades, suas motivações. Entenderá os pontos em você que devam ser aperfeiçoados, tornando o desenvolvimento pessoal um processo mais fácil.
Ferramentas que te ajudarão no processo de autoconhecimento
1. Faça uma lista de 5 qualidades suas, mas pense muito bem antes de elaborá-la. Não adianta colocar apenas aquelas qualidades de senso comum.
2. Liste 5 defeitos seus, e do lado, escreva algo que você pode fazer para tentar modificá-los.
3. Peça para alguém com quem tenha intimidade e confiança para fazer o mesmo sobre você. Listar suas qualidades, seus defeitos. O feedback vindo de outra pessoa também promove mudanças em nós. Compare se as listas são parecidas.
4. Fazendo um gráfico pizza, com 8 divisões, coloque em cada espaço as seguintes palavras: amor, amizade, trabalho, família, lazer, religião, dinheiro, saúde. Pinte cada área de forma proporcional à satisfação que você tem sobre ela atualmente na sua vida. Por exemplo, em algo que te satisfaça 50% , pinte apenas a metade do espaço. Depois de feito, compare tudo. Não necessariamente existirá uma resposta certa e errada, pois o que é bom para mim, pode não ser para você. Essa comparação é apenas para te dar uma maior noção dos seus valores. Mas atente-se à questão do equilíbrio entre essas áreas. Indague-se se houver um desequilíbrio muito grande entre as áreas.
5. Ter um diário pode ser um pouco antiquado, mas é uma boa ferramenta para se autoconhecer melhor. Anote as suas emoções do dia, quando elas surgiram, e como você reagiu.
É importante ressaltar também que estamos mudando com alguma frequência. Certamente o que você sentia e pensava há uns 5 anos a respeito de determinado tema ou determinados valores sofreu algumas mudanças e não é mais o que você pensa no dia de hoje. E assim será daqui mais alguns anos.
Assim, esse exercício de se autoconhecer tem que ser frequente.
O que você tem feito para aprimorar seu autoconhecimento?
Compartilhe esse artigo com seus amigos para que eles percebam a importância de um bom autoconhecimento em suas vidas!
Sobre o autor: Maricléia dos Santos Roman
Maricléia dos Santos Roman, Psicóloga graduada pela UPF/RS, Especialista em Saúde da Família, Juridica pela Unochapecó/ SC, Palestrante, Coach formada pelo Instituto Brasileiro de Coaching- IBC, como Professional and Self Coaching, certificada nacionalmente pelo IBC e internacionalmente pelo European Coaching Association, Meta fórum internacional Global Coaching Comunity e Internacional of Coaching, analista Comportamental Certificada pelo IBC, Practitioner e Master em PNL pelo Instituto Sabbi/RS.
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