A alienação parental, quando não percebida a tempo, pode trazer graves consequências para todos os envolvidos.
Quando um casal com filhos decide não viver mais junto, há uma mudança grande na rotina de toda a família. Assim toda a dinâmica do dia a dia e das obrigações de cada um tem que ser remanejada.
Porém, com boa maturidade e um esforço dos pais, as coisas tendem a dar certo.
Mas e quando um deles tenta afastar a criança do convívio do outro? Como lidar com essa situação?
Continue com a leitura para você entender melhor a questão!
Alienação parental. O que é?
Ter filhos exige responsabilidade. Não apenas a de suprir a parte financeira ou de colaborar com os estudos, alimentação, mas, sobretudo, a de auxiliar no crescimento emocional saudável.
Após o término de um relacionamento, não é fácil ter de lidar com seus próprios sentimentos, suas angústias, seus medos e elaborar o luto da separação, não é mesmo? Somando a isso, ser responsável pelo desenvolvimento saudável do seu filho parece mais difícil ainda. Mas a boa notícia é que temos sempre capacidade de aprender e crescer com todos os desafios da vida.
Com todos esses sentimentos vindos de uma separação, alguns pais (incluindo aqui por abrangência as mães também) podem vir a praticar a alienação parental.
Alienação parental é a atitude que os responsáveis têm de, por diversos meios, querer afastar o filho da convivência do pai ou da mãe, seja de uma forma física ou mesmo de forma emocional.
E quais seriam essas atitudes?
- dificultar o acesso à criança;
- fazer críticas constantes em relação ao ex-parceiro;
- manipular fatos e histórias para a criança pensar que o pai ou a mãe não se importa com ela;
- esconder do ex-cônjuge acontecimentos importantes sobre a vida da criança;
- interferir na privacidade entre as mensagens trocadas entre o outro genitor e o filho ou entre telefonemas;
- invalidar os presentes que a criança recebe do outro genitor, como ficar colocando defeitos, diminuindo o seu valor.
É, portanto, um tipo de abuso psicológico, com a intenção de que a criança não tenha laços com seu pai ou sua mãe.
E por que os responsáveis fazem isso?
Pode existir certa raiva por um dos pais ter seu ego ferido com a separação e ter o sentimento de rejeição, não conseguindo lidar com ele.
A pessoa age assim como uma forma de vingança, para querer mostrar que a separação também o afastou do filho. Como se quisesse fazer o ex-cônjuge se sentir culpado por ter desistido de tudo.
Como explica Oliven, “caso um dos genitores não elabore a perda sofrida, passa a existir uma ânsia por punir a pessoa amada como medida de um desejo de vingança, buscando então destruir a imagem do outro perante o filho em comum” (Oliven, 2010).
Outra possibilidade é também um receio de que o filho sinta mais amor pelo outro responsável. É uma insegurança. A pessoa toma, então, algumas atitudes para impedir que isso de fato aconteça.
É importante deixar claro que em alguns casos isso tudo pode ser feito de forma inconsciente. A pessoa não tem a clara noção do que está fazendo e das consequências de suas ações.
Quais as consequências para todos?
Ainda que o objetivo não seja fazer mal à criança, ela acaba sendo a maior afetada.
Quando a criança é muito nova, ela tem um senso crítico mais baixo para conseguir analisar se tudo o que se diz do pai ou da mãe tem fundamento.
Assim, ela pode crescer com sentimento de insegurança e rejeição, o que não é nada saudável.
Pode sentir raiva e querer se afastar de um dos pais. Isso tudo pode gerar graves consequências para sua saúde mental, não só no presente, mas também no futuro.
Então, futuramente, ela poderá ter dificuldade de estabelecer vínculos saudáveis, por não ter conseguido lidar bem com a ausência emocional de um dos genitores.
Já o genitor, vítima da alienação, também pode vir a sofrer muito com a perda do vínculo com o filho, e desenvolver depressão ou ansiedade.
Para a pessoa alienadora, também há consequências negativas: afastar totalmente o outro genitor é ter que ser mais responsável ainda por suprir as necessidades do filho. Assim, conciliar carreira e cuidados com a criança tende a ser mais desgastante.
É sempre mais fácil poder contar com o apoio do outro responsável, não é? Além disso, se algum dia a criança se der conta de tudo o que realmente acontecia, perceber a história real, isso pode vir a prejudicar seu relacionamento e sua confiança com a pessoa alienadora.
E como agir diante de alguém que faça alienação parental?
Tentar conversar com a pessoa que pratica a alienação deve ser o primeiro passo. Faça isso de uma forma assertiva, sem agressão, e tente alerta-la sobre seus comportamentos e os danos que podem causar ao filho.
Mostre empatia pelos problemas dela e se mostre disponível para ajudar no que for possível. Ajude-a a enxergar que tudo será mais fácil com uma relação mais pacífica e que o seu objetivo não é competir pelo amor da criança, mas sim ajudá-la em seu desenvolvimento.
Tenha em mente que alguns indivíduos praticam a alienação de forma inconsciente algumas vezes. Eles realmente não conseguem lidar com todos os seus sentimentos negativos e querem achar uma forma de aliviá-los.
Alguns membros vão precisar de ajuda terapêutica para lidar com essa situação. O alienador precisará elaborar melhor os sentimentos que restaram depois da separação conjugal. Precisará aprender novas formas de agir consigo mesmo, com a criança e o outro genitor.
A criança, vítima da alienação, poderá precisar de ajuda para reconstruir alguns sentimentos e recuperar suas seguranças.
Em certos casos ainda, os responsáveis precisarão da ajuda judicial para ter seus direitos reestabelecidos com a criança.
A Lei da alienação parental foi criada com o intuito de proteger a criança e colaborar com seu desenvolvimento saudável. Caso você tenha dúvidas, consulte ela na íntegra ou procure ajuda mais profissional.
Por fim, toda essa relação não tem que ser uma disputa entre quem dá mais e quem dá menos para o filho. O foco não deve ser entre o que é justo e o que é injusto nessa divisão de tarefas, mas sim no bem-estar do filho, no que ele necessita para ter um desenvolvimento emocional saudável. O pai ou a mãe devem, então, olhar para si mesmos e refletir se estão conseguindo desempenhar esse papel.
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Sobre o autor: Maricléia dos Santos Roman
Maricléia dos Santos Roman, Psicóloga graduada pela UPF/RS, Especialista em Saúde da Família, Juridica pela Unochapecó/ SC, Palestrante, Coach formada pelo Instituto Brasileiro de Coaching- IBC, como Professional and Self Coaching, certificada nacionalmente pelo IBC e internacionalmente pelo European Coaching Association, Meta fórum internacional Global Coaching Comunity e Internacional of Coaching, analista Comportamental Certificada pelo IBC, Practitioner e Master em PNL pelo Instituto Sabbi/RS.
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