Também chamado de TDA, TDAH, o déficit de atenção dificulta a vida de muita gente.

Acabar de ler uma página de um livro e se dar conta de que você não estava prestando atenção em nada… 

Ler um parágrafo até o final e reler mais algumas vezes por que no meio dele você começou a prestar atenção em outros estímulos ambientais…

Não conseguir prestar atenção em uma aula por que você está disperso em seus pensamentos, seu mundo interno…

Perder, com frequência, objetos pessoais como celular e carteira, por esquecê-los em um lugar…

Você já passou por alguma(s) dessa(s) situação(ões) em algum momento?

Sentir-se mais distraído um dia ou outro pode ser normal. Porém, ter de conviver com essa dificuldade constante em manter-se focado é bem angustiante, além de nos causar prejuízos de diversas maneiras.

A vida, às vezes, exige de nós comportamentos de muita dedicação e comprometimento. Para conseguir entender bem o assunto de uma aula, precisamos prestar bastante atenção e nos distrairmos o mínimo possível. Para fazer um relatório, precisamos focar naquilo que aconteceu a fim de relatá-lo com a maior precisão possível. Para absorver o que um texto diz, precisamos estar focados apenas nele.

Mas e quando não conseguimos fazer isso de jeito nenhum?

Não necessariamente isso será um déficit de atenção. Temos algumas possibilidades aqui.

Uma delas é a de que você procrastine tarefas. Por exemplo, você não consegue se concentrar nos estudos, porque tenta fazer outras coisas ao mesmo tempo, como abrir o whatsapp várias vezes enquanto tenta estudar.  Entenda melhor o assunto nesse outro artigo.

Outra possibilidade é a de que você apresente dificuldade de concentração em alguns momentos, mas não de forma intensa, como no déficit de atenção.

De qualquer forma, no final do artigo apresentarei sugestões que te ajudarão nesse aspecto.

 

 

Será que eu tenho TDA, TDAH, déficit de atenção?

Segundo o Manual DSM-V, há algumas peculiaridades que caracterizam o transtorno de déficit de atenção. São sintomas de desatenção, que podem ou não vir acompanhados de sintomas de hiperatividade.

Assim você pode apresentar o transtorno de déficit de atenção apenas com sintomas de desatenção. Ou pode ter o transtorno com sintomas de desatenção e também sintomas de hiperatividade.

Os sintomas de desatenção e/ou hiperatividade têm que ter começado a se apresentar antes dos 12 anos de idade. Você se lembra como era sua infância? Apresentou algum problema na escola? Essas questões são importantes pois, para possibilitar um diagnóstico de TDA ou TDAH feito na idade adulta, você tem que se lembrar se esses sintomas já estavam presentes desde a sua infância e se continuam te acompanhando até hoje.

Para disgnóstico de desatenção, é preciso observar se 6 ou mais dos sintomas abaixo se fazem presentes, por pelo menos 6 meses, de forma persistente:

  • Não prestar atenção em detalhes ou cometer erros por descuido em trabalhos ou tarefas escolares;
  • Parecer não escutar ou demorar a perceber quando alguém te chamar;
  • Apresentar dificuldade em manter a atenção em conversas, leituras e aulas;
  • Com frequência, não conseguir terminar as obrigações, por perder o foco;
  • Evitar se envolver em tarefas que exijam esforço mental prolongado;
  • Com regularidade, distrair-se por estímulos externos ambientais ou mesmo pelos próprios pensamentos;
  • Esquecer-se frequentemente de atividades cotidianas, como retornar ligações, pagar contas, e em caso de crianças, esquecer materiais escolares em casa;
  • Frequentemente perder objetos importantes pessoais (celular, carteira, livro, estojo).

Quanto à hiperatividade, os sintomas também devem estar presentes por pelo menos 6 meses, de forma persistente, e podem ou não estar associados aos sintomas de desatenção:

  • Frequente inquietude, demonstrada em comportamentos como batucar os dedos, balançar os pés etc, mesmo quando sentado na cadeira;
  • Levantar-se frequentemente da cadeira em situações nas quais deveria permanecer sentado;
  • Frequentemente correr e subir em lugares que sejam inapropriados;
  • Sentir-se desconfortável ao ser obrigado a ficar parado por muito tempo em situações que lhe exijam isso, como reuniões e restaurantes;
  • Falar muito com frequência;
  • Não conseguir se envolver em atividades mais calmas;
  • Possuir dificuldade em esperar sua vez em situações que envolvem filas, por exemplo;
  • Com frequência dar respostas antes da conclusão das perguntas;
  • Com constância interromper alguém ou intrometer-se em atividades alheias.

Tanto os sintomas de desatenção quanto os de hiperatividade devem ser presentes em pelo menos 2 ambientes (escola, trabalho, casa,…).

 

Preciso de medicação?

Bom, só um profissional da saúde irá dizer se você precisa fazer uso de medicação. O diagnóstico é feito por psicólogos, psiquiatras ou neurologistas. Esses especialistas terão as ferramentas necessárias para avaliar cada caso. Nem todo mundo precisa ser medicado.

Nunca se automedique. Usar remédios sem acompanhamento profissional pode causar prejuízos mais sérios e até aumentar sua dificuldade de concentração com o tempo.

Os profissionais costumam observar as reações de cada organismo, alterar dosagens, às vezes modificar o tipo da medicação.

É comum ver casos de estudantes de concursos, por exemplo, que fazem uso de remédio, mesmo sem um diagnóstico ou acompanhamento de um especialista.

Os riscos que essas pessoas correm incluem, dentre outros: insônia, arritmia, aumento da pressão arterial, piora na memória.

Portanto, se você sentir que precisa de ajuda medicamentosa, procure um profissional para que possa te dar um diagnóstico antes.

Mas, como eu disse, nem todos precisam fazer uso de remédio. Há outras técnicas que poderão te ajudar a manter sua concentração.

 

Como manter a atenção sem uso de medicamento?

Você deve estar se perguntando agora quais seriam essas técnicas, certo? Vou listar algumas. Mas saiba que exercitar a concentração é um processo que deve ser feito diariamente e com paciência. De minutos em minutos, você vai chegando lá.

 

1. Faça cronogramas das suas obrigações

Liste tudo o que você deve fazer na semana ou no dia. Um planejador semanal irá te ajudar. Há alguns deles que podem ser comprados e outros estão disponíveis na Internet.

2. Estabeleça os horários e prazos para cada tarefa

Isso te ajudará a manter uma rotina mais organizada e te dará uma visão mais ampla do que você já fez, do que ainda falta fazer.

3. Mantenha seu sono em dia

Dormir bem é essencial para uma boa concentração. É muito difícil manter o foco estando morrendo de sono.

4. Experimente um pouco de café

Ele pode te ajudar a se manter alerta. Mas não exagere na quantidade, para não prejudicar seu sono, à noite. O recomendado é que a partir do fim da tarde não seja mais consumido. Uma grande quantidade também pode aumentar sua ansiedade.

 

5. Elimine as possíveis distrações

Fazer trabalho em computador com as abas das redes sociais abertas não é uma boa opção. Estudar em ambientes com muito barulho também te prejudicará. Crie situações que atuem a seu favor.

6. Tente praticar atividades físicas e também as de relaxamento

Praticantes de yoga e meditação costumam ver ganhos nesse aspecto também. Relatam que a prática contínua dos exercícios melhoraram sua concentração.

7. Use lembretes em casa ou escritório

Ter um quadro de avisos com atividades importantes que não possam ser esquecidas pode ser uma mão na roda.

8. Alimente-se bem e mantenha-se hidratado

Nosso organismo precisa da energia dos alimentos para funcionar bem. A alimentação saudável e feita nos horários certos ajudará. Um cérebro saudável precisa de gorduras boas para se manter ativo (como a ômega 3 ou gordura de castanhas e abacate). O excesso de açúcar e carboidrato refinado colabora para o sono e a moleza. A água é também fundamental para que tudo funcione bem.

9. Faça check ups todo ano

A falta de vitaminas e o desequilíbrio hormonal afetam inclusive nossa concentração. Verifique se está tudo em dia com sua saúde.

 

10. Técnica pomodoro

É uma técnica que ajuda a aumentar a agilidade mental. Por meio dela, você dividirá seu trabalho em períodos de 25 minutos, podendo usar um alarme. Entre esses períodos, você fará pausas pequenas (3 a 5 minutos). Depois de 4 pomodoros, você poderá fazer um descanso mais longo (15 a 30 minutos). Entenda melhor aqui.

O déficit de atenção (ou TDA, ou TDAH) não deve ser negligenciado. Ele pode afetar seu desempenho no trabalho, causar más impressões ou impactar seus relacionamentos profissionais e familiares.

Você pode sentir que não se encaixa em todas as características que eu citei, mas ainda assim pode perceber algum prejuízo pela dificuldade de concentração.

Não deixe de procurar ajuda se precisar.

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