O mal de Alzheimer é um transtorno neurodegenerativo, que apresenta declínio cognitivo em funções como: atenção, aprendizagem, memória, linguagem, execução de atividades, função perceptomotora, orientação espacial, dentre outras.

Tais sintomas interferem na independência da realização de atividades diárias.

Podem acontecer algumas alterações comportamentais, como: agitação, delírios, alucinações e alterações de humor (uma pessoa que sempre foi calma tornar-se mais agressiva).

Uma grande angústia para os familiares próximos é perceber que aos poucos a pessoa vai regredindo e se tornando mais dependente. Tal dependência, de acordo com o Manual DSM-V, pode ser leve, moderada ou grave.

A leve impede o paciente de realizar atividades instrumentais, por exemplo conseguir ter o controle do seu dinheiro.

A moderada acarreta dificuldades nas atividades básicas de se alimentar, tomar banho e se vestir.

Já na grave, o paciente é totalmente dependente, necessita de alguém 24 horas para lhe ajudar.

O Alzheimer não é comum antes dos 60 anos mas tem, mas seria importante ter o diagnóstico precoce.

 

Como é feito o diagnóstico do Alzheimer?

Idosos que moram sozinhos podem dificultar a avaliação. Um diagnóstico mais confiável se dá com uma combinação de fatores.

É feita uma anamnese para investigar a vida do paciente. Serão analisados fatores relacionados com a memória e desde quando as falhas começaram a ser percebidas. Nessa parte, ter o acompanhamento de algum familiar que conviva com ele ajuda muito a obter informações mais fidedignas.

Existem também alguns testes que podem ser feitos por um médico neurologista ou por um neuropsicólogo. Nesses testes serão investigadas a atenção, a memória e outras funções cognitivas.

É comum que se peçam testes laboratoriais de sangue e urina para descartar outras hipóteses dos sintomas de demência. Problemas na tireoide e falta de vitamina B12 podem provocar sintomas semelhantes.

Exames médicos como o radiológico, a ressonância magnética e a tomografia podem complementar o diagnóstico, ao mostrar áreas do cérebro afetadas ou atrofiadas.

 

Como se dá a degeneração?

Tudo acontece por influência dos neurônios.

Segundo Silva Helena Cardoso, pós Doutora em neurociências, “nossas sensações, sentimentos, pensamentos, respostas motoras e emocionais, aprendizagem e memória, a ação de drogas psicoativas, as causas das doenças degenerativas, e qualquer outra função ou disfunção do cérebro humano não poderiam ser compreendidas sem o conhecimento do fascinante processo de comunicação entre as células nervosas (neurônios)”.

Explicando de uma forma bem resumida, em um cérebro saudável, ao se realizar qualquer tipo de atividade (pensar, andar, lembrar, fazer uma operação matemática), acontecem inúmeras ligações sinápticas (um neurônio se ligando ao outro). Nessas ligações, informações são passadas entre eles.

Em um cérebro de uma pessoa que sofre de alguma doença neurodegenerativa, há uma falha nessas ligações. A morte de milhares de neurônios responsáveis por cada função dificulta o papel de responder e transmitir estímulos.

 

Causas do Alzheimer

De acordo com o DSM-V, já há comprovação de que, em alguns casos, o Alzheimer pode se dar por uma mutação genética.

Outros fatores também são considerados, como a idade (na idade avançada é comum que ocorram morte de muitos neurônios), o estilo de vida (sedentarismo, alimentação), vida com poucos estímulos cerebrais (pouca leitura, baixo grau de escolaridade entre outros).

Entretanto, há ainda vários estudos voltados a entender, de fato, todas as causas.

 

Algumas dicas sobre o Alzheimer

Os pacientes, dependendo do estágio, precisam de orientações básicas na higiene, ao se vestir, na saúde, na alimentação, na própria segurança.

Alguns podem acordar no meio da noite e inventar de fazer caminhada na rua sozinhos, correndo risco de não conseguirem mais voltar para casa, por se perderem.  Verifique sempre antes de dormir se todas as portas e janelas estão trancadas. Talvez seja necessário esconder as chaves em um local seguro.

É preciso também atenção em casas nas quais há escadas e piscinas, pois, alguns acidentes podem ser fatais.  Procure as proteções específicas para cada perigo.

Em alguns casos, podem chegar a alucinar, acreditando que seu cuidador deseja roubar todo o seu dinheiro. Tente ter paciência e lembrá-lo de quem você é e do seu amor.  Há ainda aqueles que afirmam estarem vendo pessoas já falecidas. Não confronte a veracidade dos fatos e verifique se há algo no ambiente que possa estar causando isso, como um objeto da pessoa. As perdas de memória podem causar um esquecimento de quem é o familiar, ou ainda confundi-lo com outra pessoa. Esquecem-se do que acabaram de conversar e também em que ano estão. É preciso paciência também, e não raro você terá que repetir muitas vezes a mesma história. Demonstrar alguma irritabilidade pode fazer com que fiquem magoados ou agressivos.

 

Tratamento- existe cura?

Segundo a Abraz, ainda não existe cura para o Alzheimer. Os tratamentos apenas impedem que a doença progrida de forma rápida. Quanto mais cedo iniciado o tratamento, melhores resultados.

No tratamento, estão incluídos medicamentos e uma intervenção multidisciplinar de psicólogos, fonoaudiólogos, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, entre outros.

Alguns exercícios cognitivos também ajudam: palavras cruzadas, sudoku, jogo da memória, xadrez, entre outros.

 

Cuidadores: vocês também precisam de apoio

Ser cuidador é um trabalho desgastante e que exige muita paciência. Não é raro o cuidador, ainda mais se for alguém próximo, como cônjuge ou filho/a, desenvolver ansiedade e depressão.

Não é fácil aceitar e ver alguém que se ama regredindo física e psicologicamente, e ficando tão dependente. É comum que surjam, em você, cuidador, alguns sentimentos negativos e ambivalentes.

Além disso, você pode perceber uma limitação em si que você não conhecia. Por outro lado, é comum que, ao mesmo tempo, você perceba uma grande força também desconhecida. É uma mistura de’ achar que não dá mais conta’ com ‘surpreender-se do quanto ainda consegue aguentar’. Quando se tem condições de ter ajuda de enfermeiros e outros assistentes, é um pouco menos pesado. Mas ainda assim não e fácil lidar com o aspecto emocional.

Com isso, os cuidadores quase sempre vão sentir necessidade de serem também cuidados, para lidar com o que a rotina lhes exige.

Existem grupos de apoio, que são formados por outros cuidadores e um psicólogo. Isso facilita o processo de aceitação da doença no seu ente querido. Nesses grupos, há conversas, relatos, dicas e acolhimento. Por ser um ambiente no qual estejam inseridas pessoas com sofrimentos semelhantes, pode ser de grande valia para todos.

Há ainda aqueles que se sentem mais à vontade tendo atendimentos mais privativos com um psicólogo. É também uma possibilidade de ajuda e apoio com grandes ganhos. Nesse caso, vocês terão a liberdade de ter uma ajuda mais personalizada e direcionada às suas angústias.

Busque sempre ler sobre a doença. É uma forma de você entender o que acontece e ainda se prevenir de comportamentos futuros do seu ente querido. Antecipar o que pode vir a acontecer é bem mais fácil do que lidar com um problema totalmente desconhecido.

A Associação Brasileira de Alzheimer, Abraz, tem muitas dicas e informações interessantes sobre os cuidados com os pacientes.

Bom, termino esse artigo reforçando a ideia de que você deve cuidar de você também. Se você não estiver bem, como vai conseguir exercer uma atividade tão estressante, difícil e tão fundamental na vida do portador de Alzheimer?

 

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