No artigo de hoje falarei um pouco sobre essa questão que muitas vezes preocupa (e estressa) os pais: as brigas entre irmãos. Também darei dicas de como criá-los mais unidos. E você sabia que pode existir um lado positivo em todas essas brigas? Vamos ler o post para entender.
Quando as famílias decidem ter mais de um filho, muitas vezes imaginam que serão bons amigos, unidos, e que um fará companhia para o outro. Bem… na prática não é exatamente assim.
Os conflitos surgem, as gritarias começam e sua paciência fica por um fio. É assim, não é?
Pois te digo que a princípio, essas brigas e implicâncias são comuns. Acontece na sua família e na família dos amiguinhos deles.
No entanto, apesar de essa ser uma situação comum, sei que te incomoda. Para tentar te trazer um pouco de alívio, vamos conversar sobre isso e eu te darei algumas dicas de como manejar tudo.
Um conceito de conflito seria: “um processo que tem início quando uma das partes percebe que a outra parte afeta, ou pode afetar, negativamente, alguma coisa que a primeira considera importante” (Robbins, 2002).
Para este autor, o conflito é necessário para o desenvolvimento eficaz de um grupo. Ele traz contextos que, se bem manejados, acrescentarão habilidades no repertório de cada um.
Podemos trazer essa visão para as relações entre irmãos também.
É natural que, às vezes, surjam alguns conflitos. Na verdade, isso pode até ser saudável. Crianças com atitudes muito passivas, que não conseguem se expressar ou revelar algum descontentamento, podem vir a se tornar adultos com problemas nos relacionamentos.
Vamos entender, então, por que as brigas começam e como gerenciá-las da melhor forma possível?
Por que irmãos brigam?
As brigas muitas vezes se dão por ciúmes e pensamentos de que o irmão “roubará” todo o amor de seus pais.
Também acontecem por ser o irmão a pessoa com quem mais convive, facilitando um desgaste na relação e um conflito de interesses, como um brinquedo, por exemplo.
Ou ainda, por conviverem muito tempo com alguém que sentem ter a personalidade diferente da sua.
Outra possibilidade é por não saberem expressar bem seus desejos nem terem habilidades sociais desenvolvidas. Ou ainda por conviverem com adultos que estão sempre brigando e gritando.
Como lidar com a rivalidade entre irmãos e criá-los mais unidos
Criar filhos envolve ensinar valores, responsabilidades e ajudá-los a lidar com as adversidades da vida.
Ninguém nasce sabendo controlar os impulsos, os sentimentos, o comportamento. Isso é aprendido de três formas: (1) com as consequências de nossas ações, (2) com as regras que nos são passadas na infância e (3) com os modelos que estão próximos de nós e observamos. Portanto, e tendo em vista os dois últimos casos, geralmente são os pais os responsáveis por colaborar no desenvolvimento de seus filhos na primeira infância.
Sabendo disso, vamos para as dicas:
- Observe como você e seu marido tratam das diferenças do casal. Costumam brigar na frente das crianças? Resolvem as discussões por meio de conversas?
- Incentive o diálogo familiar. Isso aproximará mais todos;
- Incentive seus filhos a terem momentos juntos. Fazer algo que agrade aos dois. Mas não os force se eles não quiserem;
- Não culpe os dois por algum desentendimento. Nem diga para se resolverem sozinhos. Tente entender como a briga surgiu, qual era a intenção de cada um, o que cada um sentiu e o desejo de cada um;
- Dito o de cima, então não coloque a responsabilidade no mais velho nem proteja o mais novo em todas as discussões;
- É fundamental que as crianças consigam refletir sobre o impacto que seus comportamentos têm nos comportamentos do próximo, com vistas a entender o que o outro pensou e sentiu para reagir de tal forma. Faça perguntas (mesmo que você já saiba as respostas) com a intenção de causar essa reflexão nelas;
- Não faça comparações entre um e outro. Isso só aumenta a rivalidade;
- Tenha regras de convivência básica na casa: não gritar, respeitar,…
- Entenda a individualidade de cada um. Para cada idade, uma responsabilidade. Não os trate como se fossem um único ser (erro de alguns pais). Não proíba o mais velho de fazer algo, por você achar que o mais novo vai querer fazer também, por exemplo. Cada um tem que entender os limites e as vantagens que suas idades lhe proporcionam;
- Saiba que poderão ter personalidades completamente diferentes, mesmo que criados pelos mesmos pais e em ambientes iguais (e ainda que sejam gêmeos). Assim, cada um terá valores e gostos diferentes. Cada um terá um modo de se expressar. Um pode ser mais extrovertido e ter muitos amigos. O outro, mais introvertido e ter dificuldade de falar de seus sentimentos. Um pode gostar de estudar e ter facilidade em tirar notas altas. O outro, pode odiar matemática e tirar notas baixas. Não invalide nenhum modo de ser;
- Tenha momentos com os irmãos juntos e também tenha momentos individuais com cada um deles. Eles precisam ver que não precisam competir pelo amor dos pais. São todos amados e valorizados;
- Não coloque um para vigiar o outro. Isso aumenta a rivalidade;
- Em uma briga, não os force a se abraçarem. Espere o momento de cada um. Espere que cada um elabore a mágoa e a raiva dentro de si. Mas é importante que saibam reconhecer seus erros e pedir desculpas. Intervenha se perceber que após uma briga estão distantes há muitos dias;
- Incentive-os a verem em cada um as melhores qualidades;
- Reforce o comportamento deles quando você vir momentos em que estão se tratando com respeito e de forma amistosa. Por exemplo, comente perto deles, para outras pessoas, o quanto você admira-os por serem amigos.
- Por fim, não intervenha em todas as brigas. Observe primeiro. Se perceber uma situação de injustiça ou desequilíbrio, intervenha de uma forma amistosa, como quem quer entender o que está acontecendo.
Possíveis consequências de conflitos mal resolvidos na infância entre os irmãos
- Não saber respeitar as diferenças em pessoas do seu convívio;
- Não conseguir assumir responsabilidades com trabalho ou em relacionamentos futuros;
- Ter que conviver com sentimentos de mágoa dos irmãos e dos pais;
- Ao sentir-se desprivilegiado pelos pais, a criança pode crescer com problemas de autoestima e insegurança.
- Ter problemas de relacionamento na idade adulta. (1) Ou por ter aprendido a agir sempre de forma passiva (2) ou por ter sido sempre o mais protegido, tendendo a agir de forma egoísta e grosseira. Aqui nesse post comento um pouco sobre assertividade (que é a forma certa de se expressar) e grosseria (a forma que deve ser evitada).
E o lado positivo dos conflitos?
Um conflito pode ajudar a desenvolver habilidades:
- Autoconhecimento;
- Empatia;
- Paciência;
- Humildade;
- Compreensão;
- Conciliar objetivos diferentes;
- Gentileza;
- Respeito pelos outros:
- Compartilhar objetos;
- Ceder quando preciso.
Com isso, você deve ter aprendido que nem todo conflito é prejudicial. Entendendo o conflito como uma frustração por não se obter algo desejado, ele pode ser considerado uma força para que o indivíduo se capacite, no futuro, para enfrentar outro conflito de uma forma mais assertiva.
Deixo aqui, para completar o assunto, um vídeo do Gikovate comentando sobre a ambivalência de sentimentos no ambiente familiar, que acontece inclusive entre irmãos.
Cabe aos pais ajudar as crianças a lidar com a rivalidade, ajudando-as no desenvolvimento de suas habilidades. E claro, ter muita paciência também!
Compartilhe esse artigo com quem esteja passando por essa situação estressante e ajude-o a ter uma visão diferente do contexto.
Sobre o autor: Maricléia dos Santos Roman
Maricléia dos Santos Roman, Psicóloga graduada pela UPF/RS, Especialista em Saúde da Família, Juridica pela Unochapecó/ SC, Palestrante, Coach formada pelo Instituto Brasileiro de Coaching- IBC, como Professional and Self Coaching, certificada nacionalmente pelo IBC e internacionalmente pelo European Coaching Association, Meta fórum internacional Global Coaching Comunity e Internacional of Coaching, analista Comportamental Certificada pelo IBC, Practitioner e Master em PNL pelo Instituto Sabbi/RS.
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