Os casos de automutilação na adolescência ou infância têm crescido nos últimos tempos. Apesar de ainda não contarmos com estatísticas comparativas, escolas e consultórios profissionais concordam que têm precisado lidar com essa questão de uma forma que antes não era tão frequente.

Também conhecido como cutting, a automutilação é um comportamento que leva as pessoas a se cortarem, podendo, ou não, ter o intuito de provocar o suicídio. Os motivos são vários e trataremos de alguns deles aqui neste texto. No entanto, o que a ciência sabe é que tais machucados estão ligados ao processamento de dor e recompensa no cérebro. O hormônio camufla o sentimento de angústia ou dor psíquica.

Acompanhe o texto, que conversaremos um pouco sobre os sinais mais frequentes e como lidar com a questão!

Quais os sinais da automutilação aos quais se deve ficar atento?

Nem sempre é possível descobrir prontamente um comportamento desses, já que, na maioria dos casos, a pessoa faz de tudo para esconder qualquer vestígio. Uma das grandes angústias de pais de adolescentes que passam por isso é justamente o fato de sentirem que deveriam ter percebido antes algum indício.

De qualquer forma, fique muito atento caso algum dos sinais a seguir aconteça:

  • uso de casacos ou blusas de manga longa, mesmo no calor;

  • acessórios em excesso no pulso, como pulseiras;

  • passar muito tempo no quarto com a porta trancada;

  • irritabilidade maior que o comum ou qualquer instabilidade comportamental;

  • curativos com sangue no lixo ou manchas de sangue no banheiro.

 

 

Quais os principais motivos para a automutilação?

A adolescência é uma fase delicada devido ao fato de surgirem algumas crises de identidade. Do ponto de vista psicanalítico, há uma espécie de luto com relação à infância e a tentativa de descobrir uma nova identidade para si. Essas circunstâncias tornam o adolescente um pouco mais vulnerável sentimentalmente.

Depressão

Tal situação, então, pode provocar uma mistura de sentimentos, como o vazio ou mesmo uma depressão. Assim, é preciso ficar de olho em sinais, como choro frequente, apatia, perda do apetite, alteração do sono.

Bullying

Como já abordamos aqui no blog anteriormente, o bullying pode ser outra explicação para esse comportamento. O bullying ou cyberbullying tende a constranger de uma forma intensa, levando ao sentimento de menos valia.

Outros sentimentos ou problemas

A automutilação na adolescência pode se dar, também, como uma tentativa de parar determinado sofrimento ou, ainda, de causar uma dor mais intensa, a fim de que os efeitos desse sofrimento se tornem – ou pareçam se tornar – menor. É como a explicação de recompensa no cérebro citada na introdução.

O que fazer se meu filho se cortar?

Primeiro, respire fundo e não surte na frente dele. Dificilmente um adolescente vai se sentir à vontade para se abrir ou para tratar de um assunto sério como esse caso os pais não demonstrem compreensão. É normal ficar desesperado ao descobrir algo dessa natureza, por isso, se precisar, dê um tempo para si, até que você esteja preparado.

Conversar

O diálogo é fundamental nessa fase e deve ser construído mesmo que o adolescente pareça estar saudável. Você pode fazer perguntas diretas, dizendo que percebeu arranhões ou outros sinais. Mas use um tom acolhedor e demonstre empatia pelas dores dele.

Não grite nem brigue. Também não faça chantagens emocionais. É importante que o adolescente sinta que exista amor e preocupação por ele.

Tentar entender os motivos

Tente descobrir as razões que levaram seu filho a cometer o comportamento de cutting. Isso é importante para você ficar atento a nova ocorrência dessas questões. Não o force a falar, se perceber alguma resistência. Mas tente deixar um espaço para que ele se sinta à vontade, quando quiser.

Procurar ajuda

Contar com a ajuda de um profissional capacitado para ajudar vocês a passar por isso é fundamental. Procure um psicólogo para começar um tratamento. Inclusive, existem alguns especializados a atender adolescentes e a estudar o tema automutilação.

Tratamentos com jovens menores de idade costumam contar com grande colaboração dos pais também. Aproveite para pedir orientação ao profissional, para lidar melhor com essa questão em casa. Alguns casos também precisam de ajuda de um psiquiatra.

Ficar atento a formas de incentivo

Jogos e desafios na internet, além de seriados na televisão, podem incentivar o comportamento. Procure saber o tipo de conteúdo que seu filho consome.

Não se culpar

Por mais angustiante que seja a situação, tente não se culpar. O importante é fazer algo daqui para frente, aproximar-se mais do seu filho e se engajar, com ele, no processo terapêutico.

A automutilação na adolescência deve ser levada a sério. Entenda que cada caso é único e as informações dispostas na internet, como essas do texto, servem para uma orientação inicial e geral. Portanto, elas não substituem uma intervenção mais individual.

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